Deixamos aqui um trabalho do Luís Freitas Lobo, conhecido comentador de futebol da RTP e autor de livros como "Os Magos do Futebos" e "Planeta do Futebol", a quem agradecemos a sua disponibilidade ao autorizar-mos que postassemos o seu trabalho publicado em 14-2-2005 sobre o nosso Rio Ave F.C. da época 81/82 no seu sítio Planeta do Futebol.
Sempre que vejo elogios ao actual Rio Ave de Carlos Brito, lembro-me de imediato de outro Rio Ave. Jogava num pelado que era uma caixinha de fósforos, lutava tanto como jogava, já ia ganhar ás Antas, metia-se entre os grandes, lutava pela Europa e outras coisas mais, como, claro, bons jogadores e um treinador nada arrogante e sempre de braços abertos para toda a gente: Félix Mourinho...
Memórias da Bola Lusitana Espaço nostálgico sobre lendárias figuras do velho futebol português. Um exercício de memória cruzada entre a realidade e a forma como, no imaginário construído pelo tempo, as gostamos de recordar, sem recurso a registos ou jornais velhos.
Memórias da Bola Lusitana Espaço nostálgico sobre lendárias figuras do velho futebol português. Um exercício de memória cruzada entre a realidade e a forma como, no imaginário construído pelo tempo, as gostamos de recordar, sem recurso a registos ou jornais velhos.

Foto: Rio Ave 81/82, no pelado, o «onze-barba rija» de Félix Mourinho prepara-se para mais um jogo, ia a escrever batalha. Façam o favor de se deter em alguns jogadores em particular. Em cima, o quarto a contar da esquerda, o gigante carrancudo central brasileiro que não fazia prisioneiros (hoje adjunto no Chelsea), Brito. A seu lado, um herói chamado Figueiredo, defesa-central, que marcaria o histórico golo da vitória nas Antas. A seguir, o responsável pela obra: o treinador Mourinho. Homem sábio, que surge aqui ao lado do capitão Duarte, um lateral esquerdo que sabia cortar e sair a jogar na terra batida. Em baixo, primeiro pela direita, um homem que seria campeão europeu poucos anos depois, Quim, e o cérebro lutador da equipa, o Adérito. Em primeiro pela direita, está talvez o mais tecnicamente virtuoso Paquito, e, ao lado, o mais desiquilibrante e rápido, Alvaro. Há também outro jogador em baixo que merece destaque, mas disso falo depois...


Este Rio Ave do «pai» Mourinho não era no entanto, apenas o onze do terrível e pequeno pelado da Avenida. Viva do combate, é certo, mas também sabia jogar á bola, isso via-se, sobretudo, quando jogava em relvados em condições. Na baliza, uma ou duas épocas depois, foi ai que surgiu o Alfredo, que marcaria época como guarda redes do Boavista (já seria, porém, se não estou m erro, lançado na primeira equipa pelo Quinito). Na defesa tinha, desde logo, um central alto e duro para quem a bola nunca tinha picos: A seu lado o gigante que nunca ria vindo do Brasil: Brito. Esse mesmo, o actual nº2 adjunto de Mourinho no Chelsea e antes no FC Porto. Era um gigante com agilidade que fazia, todo no ar, cortes espectaculares. A seu lado, Figueiredo, o tal do golo nas Antas.Na lateral esquerda, o Duarte, que era advogado, ia bem de cabeça, cortava, orientava e até ia á frente nas bolas paradas. Na direita, jogava o Sérgio, também alto e que me recordo de ver subir muito bem pelo seu corredor.A meio campo (embora antes tivesse jogado como avançado centro) tinha um operário que tinha vindo de Bragança, o Adérito, jogava com o nº7 e sabia mandar no jogo. Era quem tinha mais qualidade como jogador de equipa e foi nele que e espelhou o crescimento de outro jovenzinho que estava a despontar, partindo da frente da defesa, para poucos anos depois ser campeão europeu pelo Porto em Viena: Quim. Mais á frente, ouro criativo Paquito, que até o pelado em terra revolta dominava a bola e fintava.No ataque, faltava um verdadeiro ponta de lança. Quem surgia na frente do ataque, eram, geralmente, homens saídos do banco, como um uruguaio chamado Dodat e o brasileiro Eusébio Patriota. Nenhum deles, porém, faria história....Foi nesa perspectiva que chegaria, na época seguinte, um perigoso homem de área, o inestético N´Habola. Falhava mais golos que marcava, é certo, mas como falhava muitos era sinal que aparecia muitas vezes em situação de marcar pelo que, mesmo com percentagem de desacertos elevada, bastava marcar alguns para ser um dos melhores marcadores do campeonato. O jogador mais virtuoso, tecnicamente dotado, era, porém, o extremo Álvaro, que depois sairia para o Boavista. Este Rio Ave do «pai» Morinho terminaria o campeonato 81/82 em 5ª lugar, a melhor classificação de sempre da sua história. Excelente. Não deu Europa pois nessa altura só iam quatro equipas (contando com o vencedor ou finalista da Taça), mas a imagem da sua forma de jogar e lutar será sempre recordada pela memória da bola lusitana de quem teve o privilégio de os ver correr na tal «caixinha de fósforos» de um rua de Vila do Conde...

Nota:
Se alguém, ao ler este pequeno exercício de recordação futebolística, quiser acrescentar outras memórias ou outros dados mais pormenorizados deste Rio Ave de Félix Mourinho, não hesite em contactar o “Planeta do Futebol”.
Foi no seguimento desta nota que recebi uma mensagem do leitor Rui Malheiro (um estudioso adepto do Rio ve) que mais do que acresecentar dados, me enviou uma verdadeiro guia histórico não só deste Rio Ave 81/82 como de outros mais antigos. Por isso, o agradecimento especial a Rui Malheiro pelo contributo chave dado na realização deste artigo. Só assim o baú de memórias da bola lusitana ganhará a dimensão merecida.
Autor Luís Freitas Lobo
1 comentário:
ja agora interessa lembrar que nessa epoca figorava no onse um jogador de seu nome ze manel que para mim foi dos jogadores mais tecnicistas que vi passar pelo rio ave
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