Lúcio foi inegavelmente um dos bons guarda-redes portugueses na sua época, atingido assinalável notoriedade, pese embora o facto de nunca ter jogado num clube de grande dimensão. Também por isso, as qualidades deste guardião português, que atravessou toda a década de 80 são de facto de assinalar, pois actuando em clubes como Leixões SC, Varzim SC e FC Tirsense, conseguiu, mesmo assim, chegar às selecções nacionais, sendo, durante algum tempo, regularmente convocado, representando Selecção Nacional Olímpica e, por uma vez, a principal Selecção de Portugal.
Eduardo Lúcio Esteves Pereira nasceu no dia 1 de Setembro de 1954 em Leça da Palmeira na cidade de Matosinhos. Evidenciou-se na posição de guarda-redes e surge integrado no plantel principal do clube da sua cidade, o Leixões SC, em meados da década de 70.
(Leixões SC na decada de 70)
É o titular da baliza leixonense a partir da época de 1975/76, com o treinador Raul Oliveira. Naquela altura, com a equipa do Leixões SC a militar na 1ª Divisão Nacional, Lúcio tinha como concorrente ao seu lugar o guarda-redes Serrão, com quem, de alguma forma, alternava a titularidade.
Em 1976/77 chegou à equipa do Leixões SC outro guarda-redes de qualidade e muito experiente no futebol português. Pedro Benje “roubou” a titularidade da baliza da equipa de Matosinhos a Lúcio, que apenas alinhou em 3 partidas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1976/77.
(Lúcio no Leixões SC)Esta temporada foi todavia aziaga para a formação leixonense que devido ao seu penúltimo lugar na tabela classificativa foi relegada à 2ª Divisão Nacional. Foi neste escalão do futebol português, concretamente na Zona Norte e ao serviço do Leixões SC que Lúcio passou o 5 anos seguintes da sua carreira.
As notícias que chegavam das partidas da 2ª Divisão, era que Lúcio, o guardião do Leixões SC, se tratava de um excelente guarda-redes, que ia ganhando maturidade suficiente para defender as balizas de um clube da 1ª Divisão Nacional.
(Caricatura de Lúcio no Leixões SC)
É assim que ingressa no Varzim SC do primeiro escalão do futebol português na temporada de 1982/83, pela mão do treinador José Torres. Permanece 6 anos consecutivos ao serviço dos varzinistas, integrando as equipas dos anos de ouro daquele clube. Lúcio é, naturalmente, um dos nomes grandes da história do clube poveiro.
Logo na sua primeira época no Varzim SC, em 1982/83, Lúcio é totalista da equipa no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, não dando chances a qualquer um dos guarda-redes integrantes do plantel.
É totalista também no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época seguinte de 1983/84 e praticamente sempre titular na baliza do Varzim SC na temporada de 1984/85, aqui treinado por um antigo companheiro de equipa, o vimaranense José Alberto Torres, mas onde a equipa varzinista não conseguiu, porem, atingir o objectivo da manutenção no primeiro escalão do futebol português. Lúcio, apesar de tudo, foi o melhor jogador do Varzim SC no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
Joga na 2ª Divisão Nacional na temporada de 1985/86 ao serviço do Varzim SC, mas de forma efémera, pois logo nessa época a equipa poveira consegue o regresso à 1ª Divisão Nacional.
(Caricatura de Lúcio)
Nas épocas de 1986/87 e 1987/88 o Varzim SC disputa o Campeonato Nacional da 1ª Divisão, liderado por Henrique Calisto. Sobretudo na primeira destas temporadas a equipa do Varzim SC foi destaque na competição, com um futebol de invulgar espectacularidade e com um guarda-redes praticamente intransponível.
Lúcio defrontou dezenas de vezes o Vitoria SC, ao serviço do Leixões SC, do Varzim SC ou no FC Tirsense, quer em jogos oficiais quer em jogos particulares, de onde se destaca, naturalmente, as partidas disputadas entre os vimaranenses e os varzinistas no Torneio de Verão da Povoa do Varzim.
Revelou-se sempre um grande obstáculo nos jogos com o Vitoria SC. Destaquemos o confronto realizado entre Varzim SC e o Vitoria SC na 3ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1986/87. Nessa partida o resultado cifrou-se num empate a 1-1, em grande medida devido à actuação de Lúcio, que impediu vezes sem conta o golo à equipa do Vitoria SC.
O jogo realizou-se no Estádio da Povo do Varzim sob arbitragem de Veiga Trigo da A.F. Beja em pleno verão do ano de 1986. A equipa do Varzim SC alinhou com a seguinte formação: Lúcio na baliza; uma defesa composta por Vitoriano, Brito, Quim e Lito; um meio campo com José Maria, Soares, Miranda e Manuelzinho e, no ataque, Vata e Lufemba, as coqueluches da equipa.
O jogo realizou-se no Estádio da Povo do Varzim sob arbitragem de Veiga Trigo da A.F. Beja em pleno verão do ano de 1986. A equipa do Varzim SC alinhou com a seguinte formação: Lúcio na baliza; uma defesa composta por Vitoriano, Brito, Quim e Lito; um meio campo com José Maria, Soares, Miranda e Manuelzinho e, no ataque, Vata e Lufemba, as coqueluches da equipa.
O Vitoria SC, treinado por Marinho Peres, apresentou na baliza o guarda-redes Jesus; a defesa com Costeado, Miguel, Nené e Carvalho. O meio campo foi composto por Nascimento, N´Dinga e Adão e, no ataque, Paulinho Cascavel, Ademir e Roldão.
Foi um bom espectáculo de futebol, sem grande qualidade técnica é verdade, mas bem disputado e combativo. Na primeira parte o Vitoria SC dominou completamente o encontro dispondo de varias oportunidades de golo, teimosamente negadas pelas majestosas intervenções de Lúcio, o guarda-redes poveiro.
Na segunda metade o Varzim SC adiantou-se no marcador um pouco contra a corrente do jogo. Após um deficiente lançamento de linha lateral pelo vitoriano Carvalho, o médio do Varzim SC Miranda cruzou para a área onde surgiu Manuelzinho a rematar para a defesa incompleta de Jesus e na recarga Lufemba a facturar.
O Vitoria SC foi em busca do golo da igualdade, que surgiu poucos minutos depois, por intermédio de N´Dinga a responder eficientemente a um cruzamento de Adão. A partir de então o Vitoria SC tentou adiantar-se no marcador, dispondo de três soberanas ocasiões para conseguir, todas elas através de Paulinho Cascavel.
Em duas dessas oportunidades foi o guarda-redes varzinista Lúcio que evitou o golo ao avançado brasileiro do Vitoria SC e a última, foi o poste da baliza, que rechaçou um colocado remate de Paulinho Cascavel na cobrança de um livre frontal à baliza do Varzim SC.
Brilhante 7º lugar a classificação do Varzim SC na época de 1986/87, altura em que Lúcio era presença assídua nos trabalhos da Selecção Nacional. Nesta altura, era o suplente na Selecção Nacional do guarda-redes vitoriano Jesus.
Concretizou a sua 1ª e única internacionalização pela selecção principal portuguesa no dia 5 de Dezembro de 1987, no mítico Estádio de San Siro na cidade de Milão. Portugal defrontava a congénere italiana num desafio importante para o apuramento para o Euro 88.
O titular dessa partida na baliza da selecção lusa foi o vitoriano Jesus. Ocorre que este sofreu uma lesão impeditiva de continuar em campo e nesta altura é substituído por Lúcio que defende praticamente todo o encontro.
Portugal, treinado naquela altura por Juca encontrava-se bastante fragilizado pelos castigos impostos aos melhores jogadores portugueses por causa do caso Saltilho. Acabou derrotado por 3-0, com os golos, sofridos por Lúcio, apontados por Vialli, Giannini e De Agostini.
O titular dessa partida na baliza da selecção lusa foi o vitoriano Jesus. Ocorre que este sofreu uma lesão impeditiva de continuar em campo e nesta altura é substituído por Lúcio que defende praticamente todo o encontro.
Portugal, treinado naquela altura por Juca encontrava-se bastante fragilizado pelos castigos impostos aos melhores jogadores portugueses por causa do caso Saltilho. Acabou derrotado por 3-0, com os golos, sofridos por Lúcio, apontados por Vialli, Giannini e De Agostini.
A época de 1987/88 foi a ultima temporada de Lúcio ao serviço do Varzim SC, colocando assim ponto final a uma ligação de seis anos. Nessa época o Varzim SC voltou a não conseguir a manutenção, sobretudo após a debandada dos melhores jogares no final da temporada anterior. Nesta ultima época, Lúcio voltou a ser totalista no Campeonato Nacional da 1ª Divisão na baliza da equipa poveira.
Com 33 anos de idade, velho e conceituado, o guarda-redes Lúcio ingressa no FC Tirsense na época de 1988/89, sob o comando do Prof. Neca, na 2ª Divisão Nacional. A excelente temporada realizada pelo FC Tirsense redundou numa talvez inesperada subida à 1ª Divisão Nacional.
Já novamente na 1ª Divisão Nacional, desta feita ao serviço do FC Tirsense, Lúcio volta a estar em evidência no futebol português. Apesar da idade é considerado um dos melhores guarda-redes do futebol nacional e o melhor jogador do conjunto de Santo Tirso na fantástica temporada realizada em 1989/90.
1990/91 Será a ultima temporada de Lúcio na alta-roda do futebol português. Titular no FC Tirsense - apesar de ter alternado a titularidade na baliza com o guardião Balseiro – Lúcio, com 36 anos de idade, ainda se cotava entre os melhores. Quanto ao FC Tirsense, vitima também da debandada dos melhores jogadores no final da temporada anterior, não foi capaz também de evitar a descida à 2ª Divisão de Honra.
Terminada a carreira de futebolista profissional, Lúcio continuou e continua ligado ao futebol. Integra, como treinador adjunto, a equipa técnica lidera por Carlos Brito, trabalhando, nessa função, mais de 10 anos no Rio Ave FC, curiosamente grande rival de um dos mais importantes clubes da sua carreira como jogador – o Varzim SC.
(Rio Ave FC na época de 1996/97)
(Rio Ave FC na temporada de 1997/98)
(Rio Ave FC na época de 1998/99)
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