Imprensa do dia

O JOGO
Miguel Lopes está perto do FC Porto

Estará para breve a conclusão de um negócio que há meses se adivinha e que terminará com a assinatura de um contrato ligando Miguel Lopes ao FC Porto. A mudança do lateral-direito para a órbita portista implicará contrapartidas para o Rio Ave, que vão para além do aspecto financeiro. Assim, em sentido inverso à revelação da primeira metade da Liga Sagres poderão seguir para Vila do Conde o extremo Candeias, que já foi opção de Jesualdo Ferreira em jogos da I Liga, e o central Edson, brasileiro que os portistas tiveram emprestado à Académica até Dezembro. O contrato entre FC Porto e Miguel Lopes deverá ter a duração de quatro épocas e meia e explica igualmente a recusa recente do jogador em ouvir propostas de clubes estrangeiros. Estreante na Liga Sagres, Miguel Lopes alinhou e concluiu 13 jogos, tendo falhado apenas a 12ª jornada para cumprir castigo por acumulação de cartões amarelos.

A.V.G.

Rio Ave tem mais duas opções para sábado

O treinador Carlos Brito já pode incluir Fábio Coentrão (na foto) e Yazalde nos planos para a deslocação ao Estrela da Amadora. Os dois reforços do Rio Ave foram inscritos ontem, a tempo de poderem jogar no sábado. O avançado Yazalde faz hoje o seu primeiro treino. Os reajustes no plantel precipitaram as saídas do avançado Mateus e do lateral-direito Ribeiro. Ambos acertaram ontem os termos da rescisão do contrato, estando agora no mercado à procura de clube. Mais sorte teve André Carvalhas, que já se fixou no Olhanense, líder da Liga Vitalis. Ainda com situação indefinida, Bruno Novo sabe apenas que Carlos Brito não conta com os seus serviços para a segunda volta, mas as duas épocas que lhe restam de contrato com o Rio Ave não concedem espaço de manobra negocial para uma possível rescisão.

A.V.G.

Poveiros perdoam Yazalde

Não se falou de outra coisa durante o dia de ontem em Vila do Conde, mas, principalmente, na Póvoa de Varzim. O ingresso de Yazalde no Rio Ave provocou reacções muito fortes entre os adeptos dos dois clubes rivais. Os do Rio Ave eufóricos com a humilhação de "roubarem" um dos meninos queridos dos varzinistas e que, fez ontem um mês, marcou dois golos ao Gil Vicente antes de ser transferido para o Braga. A maioria dos adeptos do Varzim perdoa à jóia que saiu do sector de formação, sendo que foi a Direcção do clube quem ficou com as orelhas a arder. A rivalidade entre Varzim e Rio Ave é longa. Quando um dos emblemas descia de divisão, até funerais se faziam... São duas cidades que se confundem, não se sabendo, ao certo, onde termina uma e acaba outra.

Por entre os vizinhos de Yazalde, que nasceu em Vila do Conde, mas mora na Póvoa de Varzim desde pequeno, misturam-se adeptos dos dois clubes. Bem pertinho da casa de Yazalde, no café Lima Pereira, cujo proprietário é Paulo Lima Pereira, ex-treinador-adjunto do Rio Ave, O JOGO encontrou um caso que, por incrível que pareça, não é um caso assim tão raro. Francisco Cunha, 58 anos, é adepto do Varzim, mas também gosta do Rio Ave. "Torço pelos dois, mas isto é complicado", afirma, desorientado entre uma gargalhada e uma cara séria. "Foi muito feio o que a Direcção do Varzim fez não acautelando o regresso do jogador em caso de empréstimo." E, na verdade, foi esta a principal lamentação que ouvimos dos varzinistas. Mas este "vizinho da frente" de Yazalde, pescador de profissão, também falou sobre "uma jóia de um rapaz". "Se continuar sempre humilde e respeitador, pode ir muito longe", antevê.

O JOGO esteve com Yazalde no café Mabri, na Póvoa, na companhia da namorada do jogador, Susana. A sua timidez logo se revelou. "Não dêem nas vistas com as fotografias. Quero passar despercebido", apelou ao repórter. Foi impossível. "É um miúdo cinco estrelas. Vem aqui algumas vezes e está sempre tranquilo", assegura o proprietário Filipe Leite, adepto alvinegro. "O Varzim já não tem possibilidades de lhe pagar, e, no Rio Ave, vai jogar na montra principal do futebol português. Penso que, se brilhar contra os grandes, pode dar outro salto."

Yazalde não abriu nenhum precedente, mas é certo que está para nascer o jogador que vista as camisolas de Varzim e Rio Ave sem que isso seja motivo de conversa e razão de notícia. O passado está repleto de nomes de quem foi capaz de ser profissional nos dois lados - Baltemar Brito e Washington, pai do portista Bruno Alves. E há quem faça a viagem em sentido contrário, caso do "varzinista" Emanuel.

ANDRÉ VELOSO GOMES