RECORD
André Vilas Boas: «Fazer história»
CAPITÃO REVELA A AMBIÇÃO EUROPEIA DO BALNEÁRIO
A equipa sensação desta Liga continua a dar que falar, desta vez com uma preciosa vitória na Madeira a catapultar o Rio Ave para perto dos lugares mais apetecíveis da tabela. É natural, pois, que a ambição comece a marcar o discurso.
André Vilas Boas, um capitão que até foi campeão no FC Porto de José Mourinho, enaltece o ambiente positivo que invade o balneário graças aos pontos sucessivamente amealhados. Começa a crescer nos jogadores de Carlos Brito o desejo de ainda chegar mais longe.
"O nosso principal objetivo será sempre o de realizar uma época tranquila, mas é óbvio que os resultados dão confiança e todos alimentamos sonhos", disse o médio, justificando-se: "O Rio Ave nunca conseguiu alcançar uma posição que permitisse a participação numa competição europeia e, neste contexto, acho que todos gostaríamos de fazer história."
Uma fasquia elevada, mas que André Vilas Boas acredita ser superável, até porque, entende, está de acordo com a qualidade do grupo. "O nosso desempenho é o reflexo de um trabalho árduo diário, mas é também um sinal da amizade que impera no balneário e da competência de todos", comentou o médio, recordando que o Rio Ave, na última temporada, por esta altura, era o lanterna-vermelha do campeonato: "Ao estar nesta posição e ver tudo o que passámos no ano passado, sem dúvida que a principal diferença é o ânimo, porque o futebol não são só os resultados, também é o prazer de poder jogar e de o fazer com alegria."
Autor: PEDRO MALACÓ
O JOGO
Os velhos não saltam assim
Gaspar é uma figura incontornável do actual Rio Ave, surpreendente quinto classificado da Liga Sagres. Totalista absoluto na edição 2009/2010, é o patrão da defesa vila-condense e um dos líderes do balneário, pelo menos dos mais interventivos quando o assunto é brincadeira. Para além de continuar a fazer bem a sua missão, marcando os avançados contrários com mestria, agora já decide jogos. Frente ao Marítimo, no passado domingo, foi ele o autor do único golo do jogo que rendeu uma preciosa vitória do Rio Ave em solo madeirense. Do alto dos seus 190 centímetros, lidera a terceira melhor defesa do campeonato, dez golos sofridos, tantos como o FC Porto e apenas superada pelas defensivas de Braga (6) e Benfica (9).
O defesa-central tem contrato com o Rio Ave até 2011, não pensando, para já, no final de carreira apesar dos seus 34 anos. Não sendo o mais experiente do plantel, pois é superado na idade por Mora, Evandro e João Tomás, corre o risco de ser apelidado de "velhote" por alguns dos colegas de balneário. Por exemplo, o seu parceiro no eixo da defesa, Fábio Faria, de 20 anos, ainda não frequentava a escola primária e já Gaspar era profissional. Continua a mostrar, diariamente, uma paixão pela bola, contagiando os que com ele vivem. E foram muitos numa carreira que já leva 16 épocas e onze clubes, quase sempre ao mais alto nível, tendo ultrapassado esta temporada a marca dos 250 jogos no principal escalão. Começou no clube da terra, o Trofense, passou por Tirsense, Setúbal, FC Porto, Leça, Alverca, P. Ferreira, Gil Vicente, Ajaccio (França), Belenenses e Rio Ave.
O campo de futebol já não tem segredos para o pai dos gémeos Miguel e Bernardo, que por estes dias aprendem a arte nas escolas do Rio Ave. Têm apenas oito anos, mas, com um pouco de sorte, ainda se vão cruzar com o pai num relvado. Aos 34 anos , o pai Gaspar continua a mostrar que ainda está para as curvas no futebol profissional.
Look radical possível num tipo brincalhão
Traçando o perfil mais íntimo de Gaspar, é impossível deixar de lado as brincadeiras e o look radical que, por vezes, adopta dentro do campo. Há duas épocas, com o Rio Ave na luta pela subida, foi o responsável pelo surgimento de muitos barbudos no plantel, uma iniciativa para fortalecer o espírito de grupo. Depois, apostou num look radical, com barbicha e cabelo loiro, sempre com o objectivo de manter um bom ambiente entre colegas.
FILIPE PEREIRA
A BOLA
Ao nível do melhor de sempre
Actual quinto lugar coincide com o mais dourado capítulo do clube na Liga. Os vila-condenses continuam ainda na Taça de Portugal e Taça da Liga, mas o lugar europeu não altera objectivos.
A eleição até pode não reunir consenso, mas detecta no Rio Ave sinais absolutamente credíveis de uma equipa sensação na Liga.
A consistência da formação de Carlos Brito oferece margem segura e própria da presente quadra natalícia, enchendo de pedidos e sonhos o imaginário da sua massa adepta. A paixão carrega as maiores ousadias sem se atravessar na visão realista da estrutura vila-condense: ainda que atraída pelos votos mais felizes que se podem colar ao brilhante desempenho do colectivo, sempre agarrada aos seus princípios.
Independentemente de onde o espírito nos levar, a verdade é que o mais dourado capítulo da história do clube no escalão principal vai ressuscitando nesta caminhada. O quinto lugar de Mourinho Félix na temporada de 1981/82 - a melhor classificação de sempre - tem equivalência nesta fase da competição, salvaguardando-se as devidas diferenças: a questão pontual, outra vez, não entra em conflito...
A equipa até pode passar o ano em território europeu, uma doce despedida de 2009 que não interfere com as convicções de um plantel que segue à letra o manual de instruções do clube. Por isso, não se espera ler ou ouvir qualquer vírgula fora do sítio no discurso da casa, espelho de um balneário fiel à ideia de que nenhuma individualidade se sobrepõe ao colectivo.
A simplicidade magnetiza resultados, verdade incontestável olhando ao quadro de adversários que já começaram o jogo do outro lado. E os argumentos ganham ainda mais força perante a brilhante insistência de fazer bem e bem fazer: das equipas com minutos na Taça de Portugal, Taça da Liga e Liga, só o V. Guimarães também se mantém nas três frentes.
Por Rui Amorim
André Vilas Boas: «Fazer história»
CAPITÃO REVELA A AMBIÇÃO EUROPEIA DO BALNEÁRIO
A equipa sensação desta Liga continua a dar que falar, desta vez com uma preciosa vitória na Madeira a catapultar o Rio Ave para perto dos lugares mais apetecíveis da tabela. É natural, pois, que a ambição comece a marcar o discurso.
André Vilas Boas, um capitão que até foi campeão no FC Porto de José Mourinho, enaltece o ambiente positivo que invade o balneário graças aos pontos sucessivamente amealhados. Começa a crescer nos jogadores de Carlos Brito o desejo de ainda chegar mais longe.
"O nosso principal objetivo será sempre o de realizar uma época tranquila, mas é óbvio que os resultados dão confiança e todos alimentamos sonhos", disse o médio, justificando-se: "O Rio Ave nunca conseguiu alcançar uma posição que permitisse a participação numa competição europeia e, neste contexto, acho que todos gostaríamos de fazer história."
Uma fasquia elevada, mas que André Vilas Boas acredita ser superável, até porque, entende, está de acordo com a qualidade do grupo. "O nosso desempenho é o reflexo de um trabalho árduo diário, mas é também um sinal da amizade que impera no balneário e da competência de todos", comentou o médio, recordando que o Rio Ave, na última temporada, por esta altura, era o lanterna-vermelha do campeonato: "Ao estar nesta posição e ver tudo o que passámos no ano passado, sem dúvida que a principal diferença é o ânimo, porque o futebol não são só os resultados, também é o prazer de poder jogar e de o fazer com alegria."
Autor: PEDRO MALACÓ
O JOGO
Os velhos não saltam assim
Gaspar é uma figura incontornável do actual Rio Ave, surpreendente quinto classificado da Liga Sagres. Totalista absoluto na edição 2009/2010, é o patrão da defesa vila-condense e um dos líderes do balneário, pelo menos dos mais interventivos quando o assunto é brincadeira. Para além de continuar a fazer bem a sua missão, marcando os avançados contrários com mestria, agora já decide jogos. Frente ao Marítimo, no passado domingo, foi ele o autor do único golo do jogo que rendeu uma preciosa vitória do Rio Ave em solo madeirense. Do alto dos seus 190 centímetros, lidera a terceira melhor defesa do campeonato, dez golos sofridos, tantos como o FC Porto e apenas superada pelas defensivas de Braga (6) e Benfica (9).
O defesa-central tem contrato com o Rio Ave até 2011, não pensando, para já, no final de carreira apesar dos seus 34 anos. Não sendo o mais experiente do plantel, pois é superado na idade por Mora, Evandro e João Tomás, corre o risco de ser apelidado de "velhote" por alguns dos colegas de balneário. Por exemplo, o seu parceiro no eixo da defesa, Fábio Faria, de 20 anos, ainda não frequentava a escola primária e já Gaspar era profissional. Continua a mostrar, diariamente, uma paixão pela bola, contagiando os que com ele vivem. E foram muitos numa carreira que já leva 16 épocas e onze clubes, quase sempre ao mais alto nível, tendo ultrapassado esta temporada a marca dos 250 jogos no principal escalão. Começou no clube da terra, o Trofense, passou por Tirsense, Setúbal, FC Porto, Leça, Alverca, P. Ferreira, Gil Vicente, Ajaccio (França), Belenenses e Rio Ave.
O campo de futebol já não tem segredos para o pai dos gémeos Miguel e Bernardo, que por estes dias aprendem a arte nas escolas do Rio Ave. Têm apenas oito anos, mas, com um pouco de sorte, ainda se vão cruzar com o pai num relvado. Aos 34 anos , o pai Gaspar continua a mostrar que ainda está para as curvas no futebol profissional.
Look radical possível num tipo brincalhão
Traçando o perfil mais íntimo de Gaspar, é impossível deixar de lado as brincadeiras e o look radical que, por vezes, adopta dentro do campo. Há duas épocas, com o Rio Ave na luta pela subida, foi o responsável pelo surgimento de muitos barbudos no plantel, uma iniciativa para fortalecer o espírito de grupo. Depois, apostou num look radical, com barbicha e cabelo loiro, sempre com o objectivo de manter um bom ambiente entre colegas.
FILIPE PEREIRA
A BOLA
Ao nível do melhor de sempre
Actual quinto lugar coincide com o mais dourado capítulo do clube na Liga. Os vila-condenses continuam ainda na Taça de Portugal e Taça da Liga, mas o lugar europeu não altera objectivos.
A eleição até pode não reunir consenso, mas detecta no Rio Ave sinais absolutamente credíveis de uma equipa sensação na Liga.
A consistência da formação de Carlos Brito oferece margem segura e própria da presente quadra natalícia, enchendo de pedidos e sonhos o imaginário da sua massa adepta. A paixão carrega as maiores ousadias sem se atravessar na visão realista da estrutura vila-condense: ainda que atraída pelos votos mais felizes que se podem colar ao brilhante desempenho do colectivo, sempre agarrada aos seus princípios.
Independentemente de onde o espírito nos levar, a verdade é que o mais dourado capítulo da história do clube no escalão principal vai ressuscitando nesta caminhada. O quinto lugar de Mourinho Félix na temporada de 1981/82 - a melhor classificação de sempre - tem equivalência nesta fase da competição, salvaguardando-se as devidas diferenças: a questão pontual, outra vez, não entra em conflito...
A equipa até pode passar o ano em território europeu, uma doce despedida de 2009 que não interfere com as convicções de um plantel que segue à letra o manual de instruções do clube. Por isso, não se espera ler ou ouvir qualquer vírgula fora do sítio no discurso da casa, espelho de um balneário fiel à ideia de que nenhuma individualidade se sobrepõe ao colectivo.
A simplicidade magnetiza resultados, verdade incontestável olhando ao quadro de adversários que já começaram o jogo do outro lado. E os argumentos ganham ainda mais força perante a brilhante insistência de fazer bem e bem fazer: das equipas com minutos na Taça de Portugal, Taça da Liga e Liga, só o V. Guimarães também se mantém nas três frentes.
Por Rui Amorim
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