Não culpem só o mau tempo
Nacional e Rio Ave confirmaram ontem a tendência para o empate, quando se encontram na Choupana - foi o quarto consecutivo -, num mau espectáculo que terminou com um resultado ajustado ao desenrolar dos acontecimentos. O mau tempo que se fez sentir, com chuva e vento, deteriorou o relvado, com maior evidência à medida que os ponteiros avançavam, mas essa circunstância, que atenua o mau desempenho das duas equipas, não explica tudo. A maior responsabilidade vai para as estratégias apresentadas, ambas privilegiando a zona central do relvado, o que até poderia não ser sinónimo da mediocridade oferecida, não fosse essa realidade juntar-se a muita letargia, falta de criatividade e pouca vontade a meter velocidade no jogo.
Neste marasmo, saíram-se melhor os vila-condenses, mais rápidos nas acções ofensivas, embora muito previsíveis. Manuel Machado bem se pode queixar de algum infortúnio, sendo forçado a duas substituições, mas terá, antes de mais, de aquilatar as lacunas que a sua equipa enfrenta, após a saída de Rúben Micael. Pecnik não é um substituto eficaz do agora jogador do FC Porto, da mesma forma que o seu sector mais recuado revela intranquilidade pouco comum.
Os vila-condenses, a quem o empate terá servido melhor as suas intenções, também não terão motivos para grandes sorrisos, pois com outra ambição poderiam ter vencido. De resto, a equipa de Carlos Brito bem o justificou.
DAVID SPRANGER
MAISFUTEBOL
Nacional-Rio Ave, 1-1 (crónica)
Igualdade castiga o Rio Ave e Nacional segue sem vencer em 2010
O Nacional continua sem vencer na Liga no ano de 2010. Mas, pelo menos, colocou um ponto final nas derrotas (tinha quatro consecutivas). Os madeirenses continuam a não conseguir jogar sem Ruben Micael. Nota-se que a equipa está órfã deste valoroso médio e não há «clone» possível. Depois, o Rio Ave é dos conjuntos que melhor defende e sai muito bem em contra-ataque. Os vila-condenses empataram, mas isso até acabou por ser mais um castigo do que um prémio.
E tudo o vento não deixou jogar! Pois é. Durante a primeira parte, o futebol praticado pelo Nacional e Rio Ave foi pobre. Lutou-se muito, mas a bola foi quase sempre mal tratada. O relvado estava escorregadio e pesado, o que também complicou e muito a vida às duas equipas. Empenhados estiveram todos, mas as poucas ocasiões que surgiram foram desperdiçadas.
A primeira equipa a causar perigo foi a nacionalista que aos 32 minutos, viu Oldoni cabecear mal após um bom cruzamento de João Aurélio, mas o avançado brasileiro em boa posição não acertou com a baliza. Os vila-condenses espreitavam sempre o contra ataque. E, após um bom passe largo de Wires, Bruno Gama rematou bem mas Tomasevic de carrinho desviou a bola para canto.
Até ao intervalo, foram os pupilos de Manuel Machado que estiveram mais perto de marcar. Pecnik, com um forte remate de livre, assustou Carlos que só teve tempo de desviar a bola para canto com os punhos. Assim, a igualdade aceitava-se face ao produzido pelos dois conjuntos.
Oldoni surgiu do nada e Wires empata
A segunda parte não trouxe grandes novidades em termos de jogo. Mas o Nacional conseguiu chegar ao golo aos 55 minutos, com Oldini a ficar sozinho, após um ressalto de bola, que resulta de um mau alívio. O brasileiro rematou rasteiro sem hipótese.
No entanto, os adeptos locais mal tiveram tempo para festejar, pois quatro minutos depois, após um bom passe de Sílvio, Wires num bom trabalho individual bate Bracalli com um remate forte e cruzado.
Um mau corte de Luís Alberto causou problemas aos 70 minutos, pois Sidnei ganhou em velocidade a Alex Bruno e rematou forte, mas ao lado. Até ao final, foi sempre o Rio Ave que esteve mais ameaçador e já no limite dos descontos, Sidnei rematou forte mas a bola saiu ligeiramente ao lado, com Bracalli apenas a ver a trajectória da mesma.
O empate aceita-se, mas os pupilos de Carlos Brito até poderiam sair da Choupana com um triunfo que não escandalizava nada.
Manuel Machado aceita resultado, Carlos Brito não
Manuel Machado, treinador do Nacional, e Carlos Brito, do Rio Ave, em declarações na sala de imprensa, no final do jogo deste domingo que terminou com um empate a uma bola:
Carlos Brito, treinador do Rio Ave:
«O resultado acaba, de facto, por saber a pouco. Essencialmente pelo que fizemos. Não somos, de todo, uma equipa que joga única e exclusivamente no erro do adversário. Nós obrigamos o adversário a errar são coisas diferentes. Pela nossa postura, pela organização táctica, a equipa tem estado excelente e com processos que saem com naturalidade. Julgo que, no jogo todo, acho que fomos sempre a equipa com sinal mais. O Nacional tem jogadores acima da média, altos e bons finalizadores, perigosos na grande área, daí o tipo de jogo deles, com lançamentos longos em profundidade sempre na perspectiva de colocar a bola rapidamente na área. Na primeira parte não houve muito atrevimento, mas na segunda fomos a equipa que estivemos mais perto de ganhar. Criámos algumas oportunidades, o Nacional também teve um cabeceamento na primeira, e o jogo podia ter terminado com mais golos. O Nacional continua a lutar pela Europa e acho que muito bem, mas hoje não foi melhor que o Rio Ave.»
UEFA? «Já disse anteriormente. Não é falta de ambição, tomara eu ter condições para lutar por esses objectivos, mas vejam quais as equipas que estão a lutar connosco, as condições que têm. São as que apostaram para isso. Nem todas o vão conseguir, estive aqui um ano no Nacional e também não consegui. É mais realismo do que falta de ambição»
Sobre Nélson Oliveira e Bruno Moraes: «Não gosto muito de individualizar. O Bruno Moraes chegou há pouco e percebo que ainda não vale tudo dele, mas a intenção foi segurar um pouco mais o jogo na frente. Não está no seu melhor fisicamente, mas é um jogador acima da média. O Nélson, espero não me enganar, tenho ali um jogador de grande qualidade. Um miúdo com 18 anos, é preciso não esquecer. Com a personalidade que jogou, espero que tenha grande futuro.»
Wires: «A manutenção está mais próxima»
Wires, autor do golo do Rio Ave no empate a uma bola arrancado frente ao Nacional, em declarações no final do encontro:
«Foi o meu terceiro golo na Liga, depois da U. Leiria e Naval, ambos de penálti. Sabíamos que o Nacional era uma equipa difícil e foi um golo importante para a equipa
É óptimo voltar à equipa ajudando com este golo. Continuo sempre a trabalhar para ajudar a equipa e conquistar o meu espaço. O objectivo da manutenção está mais próximo, mas ainda não conseguimos nada. Ainda temos muito jogo pela frente. Quanto mais cedo conseguirmos a manutenção, melhor.»
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