Voltamos a publicar textos de velhas glórias do Rio Ave F.C. da autoria de Alberto de Castro Abreu do blogue Glórias do Passado. Desta vez o jogador que se segue é o capitão Duarte. No tempo em que as camisola ainda não tinham dono já era dele a nº5. Duarte jogou apenas num Clube, o nosso, da época 1973/74 à época 1985/86 e é actualmente membro do Conselho-Geral.
Ao recordar a carreira do futebolista Duarte facilmente confundimo-nos com um capítulo importante da história do Rio Ave FC, nomeadamente, aquele que se situa desde meados da década de 70 até, sensivelmente, meados da década de 80, um período em que o clube vilacondense estreou-se na 1ª Divisão Nacional, conseguiu as suas melhores classificações de sempre naquela prova e também alcançou uma final da Taça de Portugal. Vilacondense de naturalidade, Duarte Nuno Figueiredo Leite de Sá, nasceu no dia 10 de Novembro de 1952. E é envergando as listadas cores de verde e branco do Rio Ave FC que Duarte cumprirá todo o seu percurso como futebolista. Estreia-se na equipa sénior do Rio Ave FC a militar na 3ª Divisão Nacional na temporada de 1973/74 e com o clube vilacondense vai subindo, a pulso, até ao principal escalão do futebol português. Porem, na época de 1974/75 joga com o Rio Ave FC ainda no terceiro escalão do futebol nacional, assim como na temporada de 1976/77, depois de uma época em que o clube regressou, efemeramente, aos campeonatos distritais da A. F. do Porto. Esta temporada de 1976/77 é o começo da escalada efectuada pelo Rio Ave FC até à 1ª Divisão Nacional. Depois de vencer a Serie A do terceiro escalão, a equipa vilacondense alcança a final do Campeonato Nacional da 3ª Divisão, vencendo nesse encontro o CD Cova da Piedade por 3-2, sagrando-se assim campeão nacional da categoria.
Em 1977/78 o Rio Ave FC disputa a Zona Norte da 2ª Divisão Nacional onde alcançará um 4º lugar na classificação, cotando-se, algo surpreendentemente, como um dos clubes mais fortes na sua serie. Mas seria na época seguinte de 1978/79 que a formação vilacondense conseguiria ascender à 1ª Divisão Nacional. Jogou novamente na Zona Norte da 2ª Divisão Nacional e atingiu o 2º lugar no final da prova, logo atrás do SC Espinho.
Todavia, essa classificação permitiu-lhe disputar a liguilha de acesso ao primeiro escalão do futebol português com o FC Famalicão, clube que militava na 1ª Divisão Nacional, e CF União de Lamas e Juventude de Évora, respectivamente, segundos classificados da Zona Centro e da Zona Sul da 2ª Divisão Nacional. Nessa mini-competição a equipa vilacondense levou a melhor sobre os restantes adversários e assim alcançou a subida, pela primeira vez no seu historial, ao Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
Duarte fará assim a sua estreia no principal escalão do futebol português nesta temporada de 1979/80. A equipa do Rio Ave FC, depois de uma época demasiado conturbada, termina no 16º lugar da tabela classificativa do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, a ultima posição, e como tal é despromovido à 2ª Divisão Nacional. O defesa Duarte, não sendo um titular indiscutível, ainda assim alinhou em 17 jogos da competição sem apontar qualquer golo. Um desses jogos foi, concretamente, uma partida a contar para a 7ª jornada, disputada no Campo da Avenida, na cidade de Vila do Conde, frente ao Vitoria SC. Foi, naturalmente, o primeiro jogo em que vilacondense Duarte alinhou frente à formação vimaranense na 1ª Divisão Nacional. Outros se seguiriam, é certo, porem, recordemos este desafio da época de 1979/80 que terminou com uma igualdade a 1-1. O Rio Ave FC, nesta altura treinado por Ruben Garcia, alinhou com a seguinte equipa: Trindade; Rodrigues Dias, Soares, Washington e Duarte, no sector defensivo; Paquito (Varela aos 65 minutos), Pereirinha (Tininho ao 69 minutos) e Quim; Tó Lima, Meireles e Fernando. Por sua via, o Vitoria SC, comandado por Mário Imbelloni, apresentou: Melo; Ramalho, Manaca, Tozé e Gregório Freixo; Festas, Abreu e Almiro; Ferreira da Costa, Vitor Manuel e Mundinho. O jogo iniciou-se com algum ascendente do Rio Ave FC, numa toada que se manteve durante todo o primeiro tempo, enquanto o Vitoria SC respondia em perigosos contra-ataques. Nenhuma equipa, porém, conseguiu marcar qualquer golo durante este período. Foi na segunda parte que os golos viriam a surgir. O Vitoria SC marcaria primeiro, aos 60 minutos, através do avançado brasileiro Mundinho. O Rio Ave FC, por seu turno, viria a igualar a partida a um minuto do final do jogo, através de Tininho, colocando assim inteira justiça no marcador.
Como se disse, nesta época de 1979/80 o Rio Ave FC não alcançou a manutenção. E assim, Duarte volta a jogar na 2ª Divisão Nacional na temporada de 1980/81, representando o Rio Ave FC. É um época em que a equipa vilacondense conseguirá regressar ao patamar mais elevado do futebol português, depois de vencer a Zona Norte da 2ª Divisão Nacional. Duarte é já nesta altura capitão da equipa do Rio Ave FC e uma das peças mais importantes da equipa.
Regressando ao convívio dos grandes do futebol português, o Rio Ave FC tinha, obviamente, como principal pretensão fixar-se na 1ª Divisão Nacional. Todavia, sob o comando de Félix Mourinho, o Rio Ave FC torna-se na grande sensação da prova, alcançando um sensacional 5º lugar na classificação geral do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1981/82, logo atrás, curiosamente, do Vitoria SC, o 4º classificado. Nesta histórica equipa vilacondense, que jogava em casa no velhinho, mas saudoso, pelado do Campo da Avenida, em Vila do Conde, destacavam-se vários jogadores de qualidade, como o guarda redes Trindade, o defesa brasileiro Brito, os médios Cabumba, Adérito, Casaca, Quim, Paquito e, obviamente, o capitão Duarte.
Duarte foi um dos totalistas da equipa do Rio Ave FC nesta temporada, alinhando em todos os 30 jogos da competição e apontando 2 golos, os seus primeiros tentos no Campeonato Nacional da 1ª Divisão. O futebolista Duarte era, essencialmente, caracterizado como um defensor. Jogava, sobretudo, como defesa lateral esquerdo, embora, em muitas ocasiões tivesse também actuado com defesa central.
Na época seguinte de 1982/83, já sob o comando de Quinito, o Rio Ave FC volta, de alguma forma, a surpreender, com uma carreira brilhante e muito regular, conquistando um tranquilo 8º lugar na classificação geral do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Nesta equipa rioavista destacava-se, essencialmente, o avançado N´Habola, autor de 20 golos, consagrando-se como o 3º melhor marcador da prova e o melhor marcador da formação vilacondense.
Mas, porém, também surpreendeu o defesa Duarte, com os 5 golos apontados, tornando-se o segundo melhor marcador do conjunto do Rio Ave FC no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1982/83. Tornou-se especialista na conversão de grandes penalidades, forma como marcou dois golos nesta época, um frente à equipa do SC Braga (3-1) e outro, decisivo, frente ao GD Estoril Praia (1-0). Nesta temporada de 1982/83, registe-se, ainda, que o defesa Duarte jogou 22 jogos na principal liga nacional.
Em 1983/84, Félix Mourinho regressa ao comando técnico do Rio Ave FC, guiando a formação vilacondense ao tranquilo 9º lugar do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Nesta época o defesa Duarte actuou em 27 jogos, tendo apontado 2 golos na competição. O ponto alto, porém, da temporada de 1983/84 foi a presença da equipa do Rio Ave FC na final da Taça de Portugal, depois de eliminar o Vitoria SC nas meias-finais após o desempate através da marcação de grandes penalidades. A equipa vilacondense chegou assim à final da segunda prova mais importante do calendário futebolístico português, onde defrontou a poderosa equipa do FC Porto. Naquela histórica final, Duarte capitaneou a formação do Rio Ave FC que viria a sair derrotada pelo FC Porto por 4-1, conquistando a formação portista, desta forma, a Taça de Portugal.
Na carreira de Duarte seguiu-se a época de 1984/85, aquela que viria a ser a ultima temporada do futebolista vilacondense no primeiro escalão do futebol português. É que, o Rio Ave FC não conseguiu escapar ao 13º lugar da classificação final e assim foi forçado a disputar a liguilha, onde acabou por sucumbir ao poderio da formação transmontana do GD Chaves, sendo relegado à 2ª Divisão Nacional. O defesa e capitão de equipa Duarte alinhou em 29 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1984/85, não tendo marcado qualquer golo no decorrer desta prova.
Relegado à 2ª Divisão Nacional na época de 1985/86, Duarte realizaria a sua última temporada como futebolista profissional e muito contribuiu para o grande sucesso alcançado pela formação vilacondense. Pois que, treinado pelo Mário Reis, o Rio Ave FC fez uma campanha sensacional durante esta época. Venceu, com vantagem considerável sobre o rival Varzim SC, a Zona Norte da 2ª Divisão e na fase final conquistou o ceptro de campeão nacional na categoria. Assim, o Rio Ave FC estava de regresso ao primeiro escalão do futebol português.
Duarte deixou de jogar no final desta época de 1985/86 mas continuou ligado ao Rio Ave FC, o seu clube de sempre. Foi ainda treinador adjunto na equipa principal na temporada de 1987/88, numa altura em que o Rio Ave FC era comandado pelo treinador brasileiro Mario Jualitto.
Ainda enquanto futebolista, Duarte licenciou-se no curso de direito. Por isso, hoje, com 58 anos de idade, Duarte Sá desempenha a profissão de advogado na cidade de Vila do Conde.
Autor: Alberto de Castro Abreu
6 comentários:
Um dos bons remédios para a alma é lembrar as coisas boas do passado.Mas;no meio desta linda estória eu tenho uma recordação caricata.Na final em Leiria contra o Cova da Piedade,onde ganhamos com emoção sangue suor e lágrimas,perdi uma cautela premiada com duzentos escudos que ne época fazeria muito jeito,ai eu fiquei triste e contente ao mesmo tempo que polava de alegria da vitória do Rio Ave,naquela época sonhava-se com o ingresso na primeira divisão e aquele era o primeiro grande passo para o futuro.Estava eu com uns amigos no parque piriférico o estádio monicipal de Leira fazendo um piquenique e comentando a perda, quando chegou um dos herois do jogo o Leonardo que sem se conter começou a beber de todas as garrafas que encontrava pela frente,associando-se assim a um final de tarde feliz.Caso para dizer,vai perca que me das ganho.Viva o Rio Ave.
também eu estive presente nesse jogo em leiria. e andei pelo relvado a festejar o título. tinha na altura 6 anos.
infelizmente nesse dia não achei qualquer cautela hehehehe
Tenho uma dúvida "existêncial" que diz respeito ao lembrar-me do 1º jogo que vi do Rio Ave (se foi este em Leiria ou um outro no Riopele)... devia ter os meus 5 anos.
Mas por via das dúvidas e para quem se lembrar, este jogo de Leiria com o Cova da Piedade não foi num campo pelado, a malta do Rio Ave invadiu o campo ainda faltavam uns minutos para acabar o jogo, depois recolheu-se e aguardou pelo fim do encontro. Outra questão, nesse jogo, repito em campo pelado, não se recordam das marcações serem negras (em terra) em vez de brancas (cal habitualmente utilizada) ou estarei equivocado? Agradeço a quem estiver "dentro do assunto" que me esclareça. Viva o NOSSO RIO AVE!!!!!
ora vamos lá ver:
invasão de campo pelado lembro-me de uma em ermesinde (época 1980/81). o brito (acho que foi o brito) marcou golo, invadimos o campo e alguém gamou a camisola ao brito. o árbitro só reiniciou o jogo quando o adepto devolveu a camisola.
campo com marcas pretas lembro-me do união de lamas. acho mesmo que era caso único. mas não me lembro de invasão alguma (estive lá em 1980/81 e perdemos 2-1 com golo do paquito).
só se houve invasão em santa maria de lamas na época 1978/79.
para melhor ajudar é ver em qual destas épocas tinha 5 anos. se na época 1978/79 ou na época 1980/81.
ajudei?
Tem ali uma foto DO ANO QUE FOMOS CAMPEÕES SEM DERROTAS, no campo do Famalicão.Ganhamos 2-1 depois de estarmos a perder.Recordo-me que o nosso 2º golo foi a acabar e estava sol e chuva ao mesmo tempo. O estádio estava cheio a abarrotar, 90% ou mais de adeptos do Rio Ave, naquele tempo arrastavamos multidões...longe vão esses tempos!
Tem ali uma foto DO ANO QUE FOMOS CAMPEÕES SEM DERROTAS, no campo do Famalicão.Ganhamos 2-1 depois de estarmos a perder.Recordo-me que o nosso 2º golo foi a acabar e estava sol e chuva ao mesmo tempo. O estádio estava cheio a abarrotar, 90% ou mais de adeptos do Rio Ave, naquele tempo arrastavamos multidões...longe vão esses tempos!
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