Balanço positivo

O Rio Ave encerrou ontem a época 2014/15 perdendo em casa com o Sporting por 1-0 num jogo em que já pouco havia a disputar para além da honra. Num jogo de fim de época com pouca intensidade, houve no entanto várias oportunidades de golo para ambos os lados. Tivemos 3 boas oportunidades na primeira parte, com 2 bolas nos postes e uma perdida de Del Valle isolado, tendo o Sporting também tido algumas ocasiões de golo maioritariamente negadas por Ederson. Terminámos em 10º lugar e mesmo uma hipotética vitória no jogo de ontem não nos colocaria nos 8 primeiros - um dos objetivos da época - em face dos resultados dos nossos adversários diretos.
Eu considero que a época em geral foi positiva. Foi com certeza a época em que mais jogos disputámos e consequentemente a época em que terei visto mais jogos do Rio Ave. Consegui ver 49 dos 57 jogos oficiais, sendo que desses, 42 foram vistos ao vivo e 7 via TV.
Será uma época para recordar, quer por presenças inéditas na final da Supertaça e em jogos das competições europeias, como por alguns momentos de emoções fortes em alguns jogos, que nos ficarão para sempre na retina.
A época começou cedo, ainda em Julho e o primeiro jogo oficial foi para a nossa estreia numa competição europeia. Jogo com o Gotemburgo, fora, e nada como no primeiro jogo, assistir também ao nosso primeiro golo europeu, por Hassan, que nos deu a primeira vitória. Histórico dia para o Rio Ave, como histórica foi a viagem junto com a equipa, algo que não seria possível noutros clubes e que por isso nos torna também especiais. A primeira de várias recepções dos adeptos à equipa no aeroporto ficará também marcada na história dos adeptos, jogadores e dirigentes que a presenciaram. Na semana seguinte um empate a zero em casa permitiu-nos ultrapassar o primeiro obstáculo numa dificil tarefa de chegar à fase de grupos da Liga Europa.
Três dias depois jogámos mais uma presença inédita na final da Supertaça frente a um adversário mais fresco.  Ainda assim, apesar de termos sido dominados na maior parte do encontro, Cássio fez uma grande exibição e foi das 3 finais de 2014 a que estivemos mais perto de vencer, quando no prolongamento nos poderíamos ter adiantado no marcador. A pressão das grandes penalidades foi demasiada para conseguirmos trazer o troféu, mas continuávamos a ganhar calo para enfrentar os grandes jogos.
O campeonato começa entretanto e aproveitando a preparação mais adiantada relativamente às outras equipas, obtivemos 3 vitórias nas 3 primeira jornadas garantindo a liderança da liga.
Pelo meio, mais uma eliminatória europeia, frente ao Elfsborg onde após uma derrota por 2-1 fora na primeira mão, tivemos na semana seguinte um dos momentos mais importantes da história do clube. Um 0-0 que teimava em prolongar-se foi desfeito já nos descontos com um golo histórico de Esmael que levou ao delírio os mais de 7000 vilacondenses que marcaram presença nesse jogo e que ficará para sempre na nossa memória. Estava garantida in-extremis a qualificação história para a fase de grupos da Liga Europa, garantinto-se um importante encaixe financeiro e mais 6 jogos internacionais.
Seguiu-se por isso um calendário apertado até Dezembro onde ainda assim a equipa conseguiu manter-se sempre bem classificada no campeonato, ir passando as eliminatórias da Taça de Portugal e somente na Taça da Liga, num grupo com F.C. Porto e Braga onde já seria à partida complicada a qualificação, Pedro Martins aproveitou para rodar mais jogadores depois da derrota no primeiro jogo com o F.C. Porto.
Na fase de grupos da Liga Europa, defrontámos um poderoso Dínamo de Kiev, um Steaua de Bucareste que em termos futebolísticos estaria mais acessível e um Aalborg que claramente nos era inferior. Terminámos em último lugar no grupo mas conseguimos fazer 4 pontos fruto de um empate em casa frente ao Steaua cedido nos últimos instantes da partida e de uma vitória no último jogo frente ao Aalborg que acabaria por ser uma das equipas qualificadas. Ficou a sensação que a qualificação até poderia ter sido possível, com um pouco mais de sorte num ou noutro lance e num um ou noutro árbitro, mas honrámos as nossas cores nesta estreia europeia.
Começámos bem o ano de 2015 com uma vitória fora em Paços de Ferreira e uma vitória contundente frente ao Gil Vicente para a taça que nos dava acesso às meias finais, mas seguiu-se depois o período menos conseguido da época, onde pelo meio no mercado de inverno, sairam Nuno Lopes e Esmael, tendo entrado somente Habib.  Desde meados de Janeiro a meados de Março, foram dois meses com apenas uma vitória em 12 jogos.
Tínhamos ainda assim as meias finais da Taça para disputar e continuávamos na luta por um lugar europeu.
Na Taça, um jogo mal conseguido em Braga praticamente sentenciou a eliminatória com um 3-0 onde o nosso adversário foi superior e onde cometemos alguns erros quer de estratégia quer pessoais. Ficou ainda assim registada uma das maiores enchentes de rioavistas em jogos fora, com a deslocação de 20 autocarros desde Vila do Conde. Na segunda mão, um empate a uma bola confirmou o fim do sonho de repetir a final do Jamor.
Até final da época mantivemos até à penúltima jornada a luta acesa por um lugar europeu. Tivemos ainda mais um jogo de fortes emoções com uma vitória justa sobre o campeão nacional alcançada já nos descontos depois de termos estado a perder, fazendo vibrar os cerca de 2000 rioavistas presentes e mantendo em sentido os 7000 benfiquistas que se deslocaram a Vila do Conde.
Por tudo isto, o balanço da época só pode ser positivo. Não tivemos os sobressaltos de outros aquando da presença em provas europeias, chegámos às meias finais da taça de portugal e mantivemos a luta europeia quase até ao fim. Melhorámos a performance em casa e quanto a mim também a qualidade dos jogos relativamente a épocas anteriores.
Se a época podia ter sido melhor? Claro que sim, se não fossem as várias e demoradas lesões em jogadores chave, se não fossem as arbitragens que no balanço final nos foram claramente desfavoráveis, se não fosse alguma falta de sorte ou de maior empenho num ou noutro jogo. Mas se me perguntarem se aceitaria uma época semelhante para a próxima época, digo já que sim. Foi uma época com muitos jogos para o Rio Ave, histórica pelos feitos inéditos e salteada com alguns jogos com as emoções ao máximo. Venham mais destas!